No artigo anterior falei sobre os exames invasivos e não-invasivos recomendados em uma gravidez aqui na Itália.
Esses exames são recomendados principalmente em mulheres com 35 anos ou mais e histórico de problemas genéticos na família.
Amniocentese
A amniocentese é um procedimento obstétrico que consiste na coleta de líquido amniótico para fins diagnósticos. A sua indicação mais habitual é para o rastreio de doenças genéticas do feto, como a síndrome de Down, ou de má-formações do tubo neural, como anencefalia ou espinha bífida.
Ano passado um casal de Mantova entrou com processo contra o médico ginecologista por negligência, por não os informar e orientar sobre os possíveis exames durante a gravidez (mesmo invasivos) para detectar o risco da criança nascer com Sindrome de Down e, portanto, neste caso, a possibilidade de abortar. A primogênita do casal nasceu com a síndrome e eles haviam deixado claro que não queriam ter um filho "malato" (doente, palavra usada por eles).
A época mais indicada para a realização da amniocentese é entre a 15ª e a 17ª semana de gravidez, fase em que já há relevante volume de líquido amniótico, mas o bebê ainda é pequeno, havendo menos risco da agulha atingi-lo.
Como é feito o exame e quais são os riscos?
A amniocentese consiste na introdução de uma agulha bem fina e comprida no abdômen, com o objetivo de alcançar o interior da cavidade uterina. A introdução da agulha é guiada por um ultrassom para que o médico consiga identificar um local dentro do útero que esteja longe do feto e da placenta, mas rico em líquido amniótico. Ao chegar dentro do âmnio, cerca de 15 a 20 mL de líquido são aspirados com uma seringa acoplada à agulha.
O exame, se feito com médico experiente e sob técnica correta, é um procedimento seguro, com baixas taxas de complicações. Porém, por ser um procedimento invasivo, há sempre o risco de algo correr errado.
A taxa de aborto induzido pela amniocentese é de cerca de 0,2%. Quando ele ocorre, geralmente é dentro do prazo de uma semana após a amniocentese. Lesão do feto pela agulha é um fato raríssimo, com taxa ao redor de 0,005%. O risco de infecção do líquido amniótico é menor que 0,1%.
A minha experiência
Primeiramente, a dificuldade é conseguir vaga. O exame é gratuito na saúde pública italiana para mulheres a partir dos 35 anos ou que se enquadrem no grupo de risco. Então pode ser sim muito concorrido. Em clínicas particulares o valor do exame pode chegar a 1200 Euros.
Então, vale ligar para os hospitais para saber de vagas e como funciona a "seleção".
Eu consegui no hospital Sandro Pertini. Marquei a entrevista por telefone, na qual se leva os exames requisitados (ultrassom, tipo sanguíneo, HIV, e outros).
Na entrevista, junto com varias outras mães, se faz uma espécie de mini-curso. Onde explicam como funciona o exame, riscos, pré e pós exame, cuidados etc. Depois avaliam uma a uma e agendam de acordo com a prioridade e vagas disponíveis.
No meio tempo, você decide se quer mesmo fazer ou não.
Aqui se pode abortar em caso de positivo em má formação genética, cabe aos pais se decidirem.
Pensei muito a respeito. Não queria muito fazer o exame, mas o pai queria, e no fundo queria também saber se era sadio e perfeito, apesar de que não tiraria caso tivesse alguma anomalia.
Enfim. Eu fui!
O meu exame
- Dois dias antes devemos tomar uma injeção de hormônio (Lentogest - Idrossiprogesterone Caproato);
- Um dia antes e no dia, tomar antibiótico (Zitromax - Azitromicina).
Numa sala cirúrgica, com acompanhamento de um aparelho ultrassom, efetuam o exame. Ficamos somente de camisola do hospital e touca. Tava frio e a ansiedade era grande.
Dizem que não dói, mas doeu.
Fiquei com medo, me perfuraram duas vezes até conseguir atingir o saco amniótico, chorei.
Depois bateu um medo danado de complicação e de acontece algo com meu bebê.
Fiquei um pouco mais calma quando conversei com as outras mães e algumas delas também tiveram duas perfurações, parecendo normal no procedimento.
Depois do exame ficamos de repouso por pelo menos uma hora. Depois em casa, 3 dias de repouso absoluto, outros 4 sem esforço fisico. Enfim, TV e cama. Ainda bem que estava numa fase que podia fazer isso.
A semana considerada de risco pós-exame passou e fiz uma consulta de controle. Pelo ultrassom viram meu bebê e se tava tudo bem. Graças a Deus sim, Laura estava bem (eu ainda não sabia que era menina).
A resposta do exame demorou mais de um mês a sair, a expectativa era alta principalmente porque eu saberia com 100% de certeza o sexo do meu bebê. Já que a notícia ruim, me informaram que obteria rapidamente através de uma chamada telefônica, e esta não aconteceu, ufa!
E enfim, soubemos que era uma bebê (cariotipo femminile normale), o nome já tava escolhido, era a nossa Laura e, perfeita.
Não sei se faria novamente o exame em outra gravidez. Enfim, ter também a certeza que tá tudo bem, é outra história, porém... tem sempre os "poréns"!
Nos próximos artigos continuo a contar sobre a maternidade, controle pré-natal e tudo o mais de uma gravidez na Itália!
Baci a tutti!
Que fofa! Que a Laura venha com muita saúde. Bjs
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