Saiu na revista Época esse mês, na seção "Mulheres pelo Mundo", uma reportagem de uma garota que mora há 4 anos nos EUA que criou um pequeno dicionário de novos termos, coisas novas que aprendeu e coisas que teve que reaprender.
Achei divertido, me identifiquei com muitos itens que vou reproduzir por aqui e comentar, é claro!
- Passar roupa – pressionar a barra da saia engrugunhada no metrô sob os mantras “tá bom” e “ninguém vai notar”. (Passar roupa é uma coisa que não faço, e não me preocupo com isso. Aprendi a estender as roupas logo em seguida que saem da máquina de lavar, e de um jeito que amasse menos o possível. Passo só as camisas, que raramente o Tiago usa. Hoje em dia penso e tiro o chapéu da minha mãe, que passa todas as roupas (inclusive calcinhas/cuecas e meias) de todo mundo lá de casa! Eu pulei essa parte da minha rotina, hahaha)
- Amigos – Grupo de pessoas que passaram por um experimento genético e agora só existe na forma digital atrás da parede do Facebook. (É a parte triste! Os amigos que ficaram longe, que quase não nos procuram, sabemos das suas vidas pela internet, pelas fotos e comentários... Quanta falta faz uma conversa, uma visita, risadas, falar, desabafar, nos divertir.... Amigos novos no exterior, difícil de se conquistar).
- Brazilian wax (depilação brasileira)- Atividade não realizada por brasileiras, porque significa retirar todos os pentelhos do corpo humano, deixando as partes púbicas iguais as de uma crianca de cinco anos. Apropriada para simpatizantes de pedofilia. (Bem, na Itália tem também a Depilazione Brasiliana, que também consiste em tirar TODOS os pêlos ou então deixar uma tirinha apenas (ou coração ???).... Fazendo academia, no vestiário, percebi que as italianas são 8 ou 80. Ou não têm nada, ou têm uma mata atlântica, com todo o "triângulo" de pêlos. Hahahah...)
- Marca de biquini – Hein?! (Pois é.. a gente acaba se esquecendo do que é marca de biquíni, com o longo inverno.. Espero esse verão aproveitar mais parques, piscinas e quem saber mar pra colocar minha marquinha de biquini em dia, ahhaha).
- Saudade – Que nem calcinha, nunca mais saí de casa sem ela. (A saudade tem presença constante, seja dos parentes, amigos e até mesmo velhos hábitos. Mas pra mim não é um sentimento negativo, principalmente quando se trata dos velhos hábitos, não é porque tenho saudades de algumas coisas que fazia, comia, via por lá que significa que não estou bem e feliz aqui!).
- Choppe – Pausa no cotidiano que nunca mais chegou estupidamente gelada. (Verdade! Nunca mais tomamos cerveja ou choppe "trincando"... e talvez nem faça mais sentido. A temperatura "por norma" das cervejas e choppes aqui na Itália é aquela de geladeira, de 0 a 4 graus, algumas outras até 6º. Pois é!).
- Carnaval – Época do ano que passa sem ser notada. (Este ano fizemos a diferença e fomos conhecer um carnaval diferente, em Ivrea. Mas mesmo assim, não tem cara de carnaval, não tem música de carnaval, então pode passar por qualquer outra festa/comemoração, menos o carnaval que conheço).
- Primavera – Época do ano em que volto a ver meu calcanhar. (E pra mim a melhor estação! Calorzinho, podemos começar a pôr as pernas e os pés de fora! Primavera vem ni mim! Hahahaha).
- Verão – Temporada de se ver pés medonhos no metrô. (Não só pés medonhos, mas suvacos peludos (e mau-cheirosos) e muito mais.. hahahah).
- Roupa suja – Alegoria do realismo fantástico que se multiplica no cesto durante a noite. (Gente! No início separava as roupas, por cores e até tecidos, usava paninhos "salva manchas" e fazia todo o ritual completo. Mas depois desencanei! Quanta roupa! E olha que somos em dois! Se deixar tenho que lavar roupa todos os dias, mas acumulo um pouquinho e lavo de 2 em 2. É esse negócio do frio, muitas roupas, camadas de roupas, meias e tudo o mais... Como não somos europeus e não temos o hábito deles de não lavar quase as roupas (e andarem fedendo por aí) então não reclamo muito, afinal, a máquina faz quase tudo né?).
- Roupa limpa, passada e dobrada - Componente do realismo fantástico brasileiro que se materializa em cima da cama em momentos de necessidade. Ha indicios de que esteja relacionada a existencia das empregadas domésticas. (Ou então "super-mães"!).
- Tanque – Peça peculiar do mobiliário brasileiro. (O que é tanque mesmo e para quê serve??? Hahahahha!)
- Banheiro – Cômodo da casa que aprendi a lavar depois de três décadas de vida e que não possui ralo. (A inexistência de ralo no início me incomodou, mas agora aceitei a coisa. Tudo bem que o "mocio" não tira tudo que tinha que tirar (como faz uma boa jogada d'água), mas tá valendo!).
- Samba – Música que me faz chorar. (Me faz arrepiar quando ouço nas rádios italianas, já falei isso né? É saudade e orgulho de ser brasileira!).
- Brasil – Eu volto. Eu vou sempre voltar. (Um dia, eu volto!)
Baci a tutti!